"Cansados da eterna luta por abrir um caminho pela matéria bruta, escolhemos outro caminho e nos lançamos, apressados, aos braços do infinito. Mergulhamos em nós mesmos e criamos um novo mundo."- Henrik Steffens

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Do Sonho

A vida é tudo isso
E tudo isso é essa constante fuga...

A manhã fez-se lenta e amarga
E ainda que todos lembrassem
para a sua felicidade
Desejava esquecer

Morria sempre
E sempre é cada dia
Se despia em cada linha

E os rastros que o tempo praguejara
traziam-na de volta a vida
para morrer mais uma vez

cada verso exposto
um sentimento parido
escreve para depois queimar

Daisy Araújo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre o silêncio...

Diante do silêncio tudo cala! O que existe se não o silêncio interrompido? Toda  fala e toda escuta se acomodando entre pausas, entre vírgulas nem sempre silenciosas. Desvendar noutro o apelo gritante de todo silêncio que há em nós, em cada silêncio que nos revela. Compartilhar todo o não dito, na palavra e no silêncio!
E silenciar tudo que nos convém! O que  fazer quando há convêniencia? A gente chora o silêncio à força... força o choro e o silêncio... e silencia à força, o choro... Depois a gente cala o grito e forja o que não aconteceu! Olha a folha em branco, a tela vazia, o espaço negro e sorri amarelo! O silêncio é a melhor ideologia pra quem desconfia de si... Silenciemos pois!


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Reticências literais

Alguma
      coisa
             se perdeu
                      na noite...
"Noite Estrelada" de 1889-Van Gogh
                                                                                                           A
                                                         memória
                                                            não
                                                           ousa
                                                        silenciar...


Como um cachorro que ladra e  fosse lua cheia,
e a noite ficasse se eternizando num zumbido
desses que incomoda...

                               

domingo, 21 de novembro de 2010

Insônia

O sal da língua ainda é quente
O céu é  o mesmo de outrora
A ampulheta se inverteu
No peito há também vazio

A saudade do que virá
A nostalgia do que não foi
O perfume dos cabelos emaranhados
E a tristeza aguda

Pulsante o pulso
O corpo não
Apenas uma chama...

O pesar do maldito tempo sob os ombros
Uma brisa levíssima, um arrepio...
Nenhuma luz, nem café
Pó? Só dos sentimentos

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Uma rosa por seu pensamento...

Ainda sem a rosa em mãos
Revelo o pensamento
E somente em parte
Para que não se saiba do mistério
Não se perca as reticências
Nem a imaginação
Revelo-o simples e leve,
Como a brisa que toca o rosto
Nas noites mansas de verão
Embora na alma traga o frio
E a agonia das madrugadas gélidas
Embora traga as noites de domingo
E os quês de solidão
Um mundo nas costas
E alguma razão
Traga entre os dedos a mão pequena
Que a infância deixou
(se traga!)
Sabe...
Eis meu pensamento,
E hoje se chama saudade!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

[...]

Levaram as poesias
As músicas...
Os filmes...
Os livros...
As prosas...
As lembranças...
As imagens...
Alguns momentos...
Eu fiquei!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vital





O sabor da saliva e do céu
Precipitou  a dor da solidão
A alma não teceu verso algum
Não expulsou do peito a canção
O sangue pulsou na veia
A farsa despencou do décimo sexto
Amorticídio...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Náufrago




Nada se confunde com o áspero pensamento
Cada palavra repetida Torna-se única
Ainda que mil vez silenciada

O nó na garganta
O apelo da consciência
O arrepio conseqüente da lembrança

A própria tentação alojada
No mais secreto coração
O falso riso

Cada enternecer
O adoecer
O amor


Daisy Araújo.

Carreata da [não] fantasia


A poesia por um motivo qualquer
morreu temporariamente
assim como a balada da última noite de festa
não festiva
O fim do ciclo foi declarado
Estabelecido com o silêncio sempre constante
O espaço vago engoliu a última lagrima
À saboreou
Nada sobrou além do vazio
O titã da saudade e da espera...
As palavras libertas ao vento
Ao acaso e ao descaso
foram recolhidas para possível confinamento
Este, sem monitoramento,
regulamento ou intenção
Devem se perder no abismo do infinito
Da canção calada dentro da mente
Assim, com o desequilíbrio
Hão de se quebrar e se perder
O equilíbrio inevitável que trás o real, incomoda
Assusta...
Abusa e se lambuza
Na escuridão do infinito a qual o corpo esta entregue
E só a isso o corpo se entrega
Não dá mais pra fugir de si
Alcatraz sem fim
Como sempre metade
E como ilha... só !
Daisy Araújo