Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho desta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente,a tua voz ausente, a tua voz serenizada
* Poesia de quem parte...
Se o serenar se resumi aí
ResponderExcluirQuero essa dor enodada
De tua pele nos meu lábios
Com tua boca meu sorriso
Não conhecia esse poema...
Belo, Daisy!
Comentários sempre muito doces meu querido Sr. Borges! Arranca sempre um sorriso, olhos apertados, e uma serenidade particular da alma...
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