Havia muito tempo espalhado pela casa, em todos os lugares, onde quer que se olhasse, lá estava ele, imperioso, precavido, como que não faz nada. Tempo comum, tempo simples, tempo morto, em todas as suas formas, com ou sem beleza. Vagava no ar, suspenso e passante, como que morria, como nem nascera. Fiz arte com o tempo, como se possa imaginar, e anexei na casa, prendi em vários lugares para que não fugisse, não escapasse, como se eu pudesse e controlasse. E assim foi. Quando me apercebi , já estava sem tempo de novo! Esgorregou de minhas mãos, como já havia de ser, antes mesmo que fosse.
Eu queria um tempo bem grande, tão grande que eu coubesse nele, e não mais precisasse caber em mim. Nele coubesse tudo que eu sinto, tudo que eu vejo, e eu pudesse sentir mais, ver mais. Queria todo tempo, pelo tempo que eu quisesse, até não querer mais nada e procurar outro tempo noutro lugar, noutro espaço, noutro momento, até não ter mais lume em nenhuma estrela , nem em mim. Até adormecer a ultima quimera e não querer nenhum tempo nem o que não está em mim!