"Cansados da eterna luta por abrir um caminho pela matéria bruta, escolhemos outro caminho e nos lançamos, apressados, aos braços do infinito. Mergulhamos em nós mesmos e criamos um novo mundo."- Henrik Steffens

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Desejo no plural

Entretantos e entrelinhas...
Uma alma refrigerada,
Uma paz que encontre um peito
Um peito que transborde alegria
Um coração no qual nem caiba mais amor
Mas caiba o mundo todo
Algumas cismas
Alguns amantes
alguns estranhos
Que a essencia seja sempre esta
Que sejam felizes todos os dias
Que muitos dias estejam por vir!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

ESPECTRO

E agora quem és?
Nem o espelho te reconhece agora
De tanto revirar-se encontrou um avesso
Nem tão bom, nem tão pior
Mas nem eu te reconheço mulher!

Que fizeste contigo?
Nem mesmo perambulante
Foste te encontrar
De tanto procurar-se,
Destempero impetuoso,
Não quiseste nem tu te suportar

E agora mulher, que faço contigo?
Que usurpa a mim descaradamente
Me segue feito sombra
Se sois o que também sou
E a ti também rejeito!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Lembrete

Sossega coração meu
Porque ainda tens memória
Lembra-te d’outro dia
Duns outros mais longínquos
E não menos vivos
Que estes d’agora

Lembra e não te aflijas
Guarda o bom momento
Sente-o como uma felicidade
Aguda e efêmera
Como há de ser todas as coisas

Não reparas na distância
Como sendo de todo o mal
Ela revigora a saudade
Que não tem opção outra
Que revirar a memória
E reascender lembranças
Ainda mais belas
Do que fomos
Da pureza que tivemos

Lembra-te e não amaldiçoa o tempo
Embora te pareça velho...
Se renova a cada vista
A cada ponto de equilíbrio formado
A cada beijo estalado
E a toda partida


sábado, 11 de dezembro de 2010

Atando pontos...

Olhou-me nos olhos a criança. Depois dum longo silêncio, perguntei-lhe:
- Você, que mais deseja da vida?
Nem mesmo procurou palavras no ar... assim, num piscar, apressou-se em responder. Pude ver quão radiante mostrou-se seu semblante. Atropeladas e com toda inquietação, seguiram-se estas:
- Quero ser adulto! E logo! Criança não pode fazer nada... Adulto pode tudo!
Silênciei novamente, dessa vez com certo ar de preocupação. A criança seguiu:
- E você, que mais deseja nessa vida?! -perguntou-me com sorriso largo.
Desviei o olhar, não escondi a melancolia e também não escolhi palavras...
- Eu ?! Queria ser criança...- respondi num suspiro lento-  Quando o fui podia tudo, só não sabia...